O Dia dos Pais deste ano (2023), comemorado neste domingo (13 de agosto), será diferente na casa de Paulo Antônio Pereira da Silva. O pedreiro tirou a certidão de nascimento pela primeira vez aos 52 anos de idade em junho deste ano e, após obter o documento, ele conseguiu, finalmente, registrar seus três filhos no Piauí.

“A gente ganha outra vida. Eu me sinto muito feliz, me sinto honrado em ter documento, em ter meus filhos com meu nome agora”, declarou Paulo Antônio, emocionado.

O pedreiro Paulo Antônio Pereira da Silva ao lado de sua companheira e de seus três filhos — Foto: Laura Moura /g1

O pedreiro nunca teve seu nascimento registrado. Ainda na infância, ele começou a trabalhar para sobreviver e, naquela época, ele ainda não tinha noção sobre a importância de se ter uma certidão de nascimento. Ao atingir a maioridade, ele percebeu que precisava ter documento, mas não sabia a quem recorrer.

“Eu fiquei com vergonha de procurar alguém para me ajudar. Foi quando eu conheci a Francisca e ela me cobrou. Eu dizia a ela que ia dar certo. Vieram os filhos e ela teve que registrar eles como mãe solteira”, relatou.

Paulo Antônio e a empregada doméstica Francisca das Chagas, 38 anos, estão juntos há 20 anos. Ela contou que seu marido nunca conseguiu um emprego com carteira assinada e sempre teve que trabalhar informalmente.

“Ele perdeu muitas oportunidades de trabalho, de ter direitos trabalhistas como férias, tudo aquilo que um trabalhador com carteira assinada tem direito. Nós não conseguimos nos casar e registrar nossos filhos”, disse Francisca.

Paulo Antônio e os três filhos — Foto: Laura Moura /g1

Paulo sempre trabalhou como diarista na construção civil, dependendo do crédito de seus contratantes para receber o salário. O contato com a Defensoria Pública veio a partir de um trabalho realizado em Teresina-PI, onde o contratante ao tomar conhecimento da história de Paulo, o encaminhou para atendimento no órgão.

“Eu fui trabalhar na casa de uma mulher e ela contou que tinha uma filha que trabalhava na Defensoria Pública. Eu contei a ela que não tinha documento e a mulher disse que a filha dela poderia me ajudar”, lembrou Paulo.

Hildeanny Pereira, de 15 anos, uma das filhas do casal, falou sobre a alegria de ter o nome de Paulo Antônio em sua certidão de nascimento. “Ele é um homem muito bom, sempre me ajudou muito, eu amo ter ele por perto. Eu gostei muito de ter sido registrada por ele. Agora posso dizer que tenho um pai registrado no meu nome”, afirmou a adolescente.

Paulo Antonio Pereira da Silva conseguiu tirar a certidão de nascimento pela 1ª vez aos 52 anos — Foto: Divulgação/DPE-PI

Neste domingo, os filhos do pedreiro desejam comemorar a data com ele de uma forma diferente e especial. Após registrar os filhos, Paulo Antônio pretende se casar no civil e no religioso com sua companheira.

“Nós vamos casar. Por enquanto, nós estamos resolvendo o casamento do nosso filho, que será no próximo mês. Depois, nós vamos providenciar o nosso, porque nós queremos regularizar isso, é um sonho que eu tenho, é um sonho que ele tem”, finalizou Francisca das Chagas. Com informações do g1.