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Suspeita de golpe milionário no Piauí diz que começou a estudar medicina aos 10 anos |
![]() A fraude era realizada por meio do aplicativo bancário e consistia em enganar a instituição financeira. A falsa médica obstetra só foi descoberta quando o banco solicitou a presença dela na agência. "Um deles alegava ter uma renda de R$ 30 mil na abertura de conta. Dali a dois, três dias, ele receberia uma transferência com esse valor para que a análise do banco fosse levada a crer que realmente havia uma renda legítima ali. E o banco ia aumentando o limite. Quando a organização criminosa acreditava que se tinha atingido o máximo de crédito que o banco poderia fornecer, eles faziam o que a gente chama de tombar o banco: sacavam todos os valores de forma eletrônica também", explica o delegado Anchieta Nery, diretor de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI). A investigação apontou que parte dos valores obtidos na fraude eram ocultados por meio de empresas fantasmas. Ao todo, 30 pessoas foram presas e identificados quatro núcleos com líderes próprios. O diretor de Inteligência da SSP-PI explica que foram detectadas 117 clientes que operaram contas fraudulentas e que serão investigados. Foram analisadas 3 mil transações, entre final de 2021 a início de 2023, após a diretoria de segurança do banco detectar uma série de eventuais incongruências que podiam apontar para uma fraude. Foto: SSP/PI A primeira fase da operação Prodígio, que recebeu esse nome, devido a pouca idade dos investigados, foi decretada na última terça-feira, 5 de setembro de 2023, nas cidades de Teresina, Floriano, Amarante, Demerval Lobão e Nazaré do Piauí. O delegado Matheus Zanatta, superintendente de Operações Integradas da SSSP-PI, acrescenta que foram apreendidos vários carros de luxo e até uma moto aquática. "Fizemos também o bloqueio ativo financeiro das contas dos investigados, tudo isso para tentar restituir a vítima, o banco, que teve um prejuízo no Piauí de R$ 5 milhões, e no Brasil, de R$ 19 milhões", disse Zanatta.
Foto: SSP/PI
A investigação apontou que o vendedor de celular Anderson Ranchel iniciou a modalidade criminosa no Piauí e passou a cooptar os demais membros, sendo que alguns, após descobrirem como funcionava o esquema de enganar o algoritmo do banco, passaram a agir por conta própria. Em menos de dois anos, o comerciante viajou aos Estados Unidos dez vezes. O GRUPO ERA DIVIDIDO EM: - LÍDERES - OPERADORES FINANCEIROS - CLIENTES (PESSOAS QUE TOPAVAM PEGAR EMPRÉSTIMO DE FORMA FRAUDULENTA, APRESENTANDO RENDA E PROFISSÃO QUE NUNCA TIVERAM, PARA RECEBER CRÉDITO E 'TOMBAR O BANCO') "Começou com um líder aqui no Piauí, aprendendo sobre isso em grupos de criminosos na internet, descobrindo como enganar o algorítimo que julga o motor de crédito do banco. E aí ele então foi às ruas em Teresina, Floriano, Amarante, cooptar clientes, pessoas interessadas em prestar seu nome para fraudar o banco. Geralmente, ele achava jovens com interesse num ganho de dinheiro fácil e esses jovens inseriram informações falsas ao abrir uma conta-corrente no banco de maneira virtual por meio do aplicativo", explica Nery. O recrutamento desses jovens era feito por meio de banners digitais e, principalmente, através do "boca a boca".
Foto: Renato Andrade
"Esses jovens inseriram informações falsas ao abrir uma conta-corrente no banco, de maneira virtual, por meio do aplicativo. Por exemplo, jovens, às vezes, de dezenove anos se apresentando como médico já com residência. E formava uma renda declarada de R$ 25 mil e faziam ali todo um jogo de movimentação financeira dentro dessa conta, a partir de transferência de outras contas capitaneadas pela organização criminosa, para que o banco entendesse que havia ali uma movimentação legítima e aumentar o escore daquele suposto cliente. Se um deles recebia o valor e sabia de alguém que podia se interessar, já indicava. São 117 clientes no Piauí com valores de R$ 30 mil e até R$ 150 mil", completa o delegado Anchieta Nery. O prejuízo levantado até o momento é de R$ 19 milhões à instituição financeira. Desse valor, R$ 6 milhões são relacionados a fraudes praticadas em contas bancárias de agências localizadas no Piauí.
Fonte: Portal Cidade Verde |
Última atualização ( Qua, 06 de Setembro de 2023 09:57 ) |