O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chorou e protestou contra o que classificou de “enorme perseguição política”, na manhã deste sábado (18 de janeiro de 2025), quando levou sua esposa Michelle Bolsonaro para embarcar sozinha no Aeroporto de Brasília para os Estados Unidos. A ex-primeira-dama irá representá-lo na posse do presidente Donald Trump, na segunda-feira (20), para a qual Bolsonaro também foi convidado e impedido de deixar o Brasil, por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Com olhos marejados, Jair Bolsonaro acusou Moraes de agir como “dono de tudo” com objetivo de “eliminar a direita do Brasil”.
“Estou chateado. Estou abalado ainda. Mas, eu enfrento uma enorme perseguição política por parte de uma pessoa. Essa pessoa [Moraes] decide a vida de milhões de pessoas no Brasil. Ele e mais ninguém. Ele é o dono do processo. Ele é o dono de tudo. Quando quer, ignora o Ministério Público, faz o que bem entende. E tem um compromisso… Você vê os discursos dele. Alguém do Supremo não era para discursar. O objetivo é eliminar a direita no Brasil. Eles veem a direita como um mal aqui no Brasil”, disse Bolsonaro, sem citar o nome do ministro do Supremo.
Moraes reteve passaporte do ex-presidente desde fevereiro de 2024, sob a justificativa de Bolsonaro ser investigado na Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal (PF), por suspeita de crimes na tentativa de golpe de Estado, após sua derrota para o presidente Lula (PT), entre o fim de 2022 e os ataques de 8 de janeiro de 2023.
Bolsonaro iniciou sua fala dizendo ter ficado muito feliz quando recebeu a notícia do convite de Trump, que o chamou mesmo sem ele ser chefe de Estado.
“E eu não sou chefe de estado e fui um convidado excepcional por parte do Trump e sua comitiva. […] Fiquei muito feliz, até porque não é o Jair Bolsonaro. Eu represento, no mínimo, 58 milhões de pessoas no Brasil. Hoje, tenho certeza que é muito mais do que isso. Represento a direita, os conservadores, sendo o presidente de honra do maior partido político do Brasil [o PL]”
Antes de se despedir da ex-primeira-dama Michelle, Bolsonaro disse que o Supremo teria dado tratamento diferenciado ao seu rival, Lula, liberando sua viagem internacional à Etiópia, em 2018, quando o petista já tinha sido condenado por corrupção. Lula não viajou por decisão de um juiz federal de Brasília, que mandou apreender seu passaporte, após o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) não se opor à viagem comunicada pela defesa do petista. O Supremo não atuou neste caso.
Bolsonaro ainda acusou Lula de não ter compromisso com a família, ao lembrar da fala recente do presidente sobre maridos amarem mais as amantes do que as esposas, no último dia 8, quando o presidente afirmou ser amante da democracia.
“Eu tô triste pela partida de minha esposa. Eu a amo”, declarou Bolsonaro, antes de se despedir de Michelle com beijos.
Fonte: Diário do Poder/Davi Soares