A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de negar a devolução do passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e impedir sua viagem para os Estados Unidos, onde acompanharia a posse de Donald Trump, repercutiu na imprensa mundial.
O jornal The New York Times destacou as semelhanças entre Trump e Bolsonaro e a forma como os dois lidaram com a saída do poder.
“Trump está voltando ao poder, enquanto Bolsonaro encara a prisão”, escreveu. A publicação afirmou que o sistema eleitoral brasileiro agiu rapidamente para tornar Bolsonaro inelegível, contrastando com o cenário americano, onde Trump manteve uma base política forte.
Já o The Washington Post explorou os embates entre Bolsonaro e Moraes, afirmando que o ministro do STF justificou sua decisão afirmando que o ex-presidente não ocupa um cargo que o permita representar oficialmente o Brasil em eventos internacionais.
A matéria também relembrou que Bolsonaro chama Moraes de “inimigo pessoal” e destacou a postagem do ex-presidente no X, onde acusou o Judiciário de perseguição política e se comparou a Trump: “Trump superou o ativismo judicial. Eu também o superarei.”
O The Wall Street Journal afirmou que Bolsonaro era considerado um dos aliados mais próximos de Trump na América Latina, mas que, mesmo com o convite para a cerimônia, sua presença foi impossibilitada.
Reações europeias
O britânico The Guardian destacou que, após a negativa do STF, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) representará o pai na cerimônia. A publicação também apontou Eduardo como um potencial candidato à eleição presidencial de 2026 no Brasil.
O espanhol El País lembrou a euforia dos apoiadores de Bolsonaro com a vitória de Trump em novembro de 2024, mas pontuou que o ex-presidente brasileiro enfrenta problemas legais.
O francês Le Figaro acrescentou que, além de enfrentar investigações criminais, Bolsonaro foi condenado em uma ação eleitoral que o torna inelegível até 2030, agravando sua situação política.
Outros destaques
Além das análises, veículos como o The New York Times e o The Guardian enfatizaram que Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, estará presente na posse de Trump, representando seu marido.
Já o El País relatou que o movimento bolsonarista vê a vitória de Trump como uma oportunidade política, mas enfrenta obstáculos com a crescente fragilidade do ex-presidente no Brasil.
Reação de Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste sábado, 18, acreditar que Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, pode ajudar a reverter sua inelegibilidade no Brasil.
A declaração foi dada no aeroporto de Brasília, onde o ex-presidente acompanhou Michelle Bolsonaro antes do embarque para Washington. Em tom emocionado, Bolsonaro lamentou não poder participar da cerimônia.
[Trump] já tem influência no mundo todo com a presença dele. Primeiros-ministros que estão caindo, Hamas fazendo acordo, o [Justin] Trudeau renunciou. No México, grandes apreensões foram feitas. Gostaria de apertar a mão dele, não daria pra conversar”, disse Bolsonaro.
O ex-presidente também insinuou que o convite de Trump para a posse indicaria uma possibilidade de colaboração para reverter sua situação jurídica.
“Com toda certeza, se ele me convidou, ele tem a certeza que pode colaborar com a democracia do Brasil afastando inelegibilidades políticas, como essas duas minhas que eu tive”, completou.
Fonte: O Antagonista