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Vereadora de Teresina é presa pela Polícia Federal em operação que investiga crimes eleitorais e ligação com facções criminosas

Tariana Medeiros foi presa em sua residência e levada para a Superintendência da Polícia Federal

Redação
Por: Redação
03/04/2025 às 09h18 Atualizada em 03/04/2025 às 10h03
Vereadora de Teresina é presa pela Polícia Federal em operação que investiga crimes eleitorais e ligação com facções criminosas
Vereadora Tatiana Medeiros (Fotos: Mikaela Ramos e Polícia Federal)

A vereadora de Teresina-PI, Tatiana Medeiros (PSB) foi presa em sua residência no bairro Jóquei, na Zona Leste de Teresina, durante uma operação deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (3 de abril de 2025). A parlamentar deixou sua casa por volta das 7h50min em uma viatura, seguindo para a sede da PF. Ela estava acompanhada de outra mulher, além de seu advogado e tio.

A reportagem apurou que a ação investiga crimes eleitorais, possível envolvimento com facções criminosas e a compra de votos com dinheiro proveniente dessas organizações. 

De acordo com a Polícia Federal, há indícios de que a campanha eleitoral de Tatiana Medeiros tenha sido financiada de forma ilícita e que sua eleição tenha ocorrido com o apoio de uma facção criminosa. Além disso, a investigação aponta possíveis desvios de recursos públicos de uma instituição não governamental. Ela foi eleita pela primeira vez nas eleições de 2024 com 2.925 votos.

O namorado da vereadora, Alandilson Cardoso Passos, foi preso em Minas Gerais sob suspeita de integrar uma facção criminosa. Ele permanece detido. No momento da prisão, Alandilson estava acompanhado da vereadora e já tinha uma passagem comprada para viajar a São Paulo.

Alandilson com a vereadora eleita Tatiana Medeiros durante culto de ação de graças pela vitória de Tatiana nas eleições municipais de 2024 (Foto: Reprodução Redes Sociais)

O presidente da Comissão de Prerrogativas da OAB-PI, Leonardo Queiroz, informou que a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Piauí, não foi comunicada previamente sobre a operação da Polícia Federal, mas já está acompanhando o caso. Ele também reforçou que a instituição tomará medidas legais para contestar a ação. 

"Nós, da OAB Piauí, não fomos comunicados sobre essa operação. Estamos tomando conhecimento apenas através da mídia e iremos prestar todo o suporte institucional, uma vez que ela é advogada. A Comissão de Defesa das Prerrogativas da OAB Piauí já está acompanhando o caso de perto. Inclusive, a OAB Piauí vai se habilitar no processo e pedir a nulidade deste ato que não observou a lei que diz que a OAB tem que ser comunicada previamente para acompanhar", afirmou o advogado.

O PSB esclareceu que ainda não tomou uma decisão definitiva sobre a situação da vereadora Tatiana Medeiros.

"Sobre a situação da vereadora, o partido ficou sabendo junto com a imprensa e precisa ter acesso ao inquérito para estabelecer os devidos processos legais, como já foi feito anteriormente", disse a sigla em nota.

Afastamento de funções públicas

Segundo nota da PF, esta é a segunda fase da Operação Escudo Eleitoral e cumpriu oito mandados, sendo dois de prisão preventiva, três de busca e apreensão e três de afastamento de função pública como vereadora e de cargos em comissão ocupados por investigados da Câmara Municipal de Teresina, da Assembleia Legislativa e da Secretaria de Estado de Saúde do Piauí.

“Além das medidas judiciais citadas, o Juízo Eleitoral determinou a suspensão das atividades da ONG, com o consequente impedimento de receber qualquer novo aporte de recursos, e a proibição dos suspeitos afastados de suas funções de frequentarem os locais que trabalhavam e de manter contato com outros servidores”, destaca a nota.

Confira nota na íntegra:

A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (3), a segunda fase da Operação Escudo Eleitoral, com o objetivo de combater a atuação de facções criminosas no processo eleitoral das Eleições municipais de 2024.

Policiais Federais cumprem oito mandados judiciais, sendo dois mandados de prisão preventiva, três de busca e apreensão e três de afastamento de função pública como vereadora e de cargos em comissão ocupados por investigados da Câmara Municipal de Teresina, da Assembleia Legislativa e da Secretaria de Estado de Saúde do Piauí. As ordens judiciais, cumpridas na capital piauiense e na cidade de Timon/MA, foram expedidas pelo 1º Juízo de Garantias da Justiça Eleitoral no Piauí.

A investigação, iniciada após a divulgação dos resultados das Eleições 2024, identificou elementos que apontaram vínculo entre candidata eleita ao cargo de vereadora na capital piauiense e expoente de facção criminosa violenta com grande atuação no estado.

Há indícios de que a campanha eleitoral da parlamentar foi custeada com recursos ilícitos oriundos de facção criminosa, bem como de desvios de recursos públicos de uma instituição não governamental.

Além das medidas judiciais citadas, o Juízo Eleitoral determinou a suspensão das atividades da ONG, com o consequente impedimento de receber qualquer novo aporte de recursos, e a proibição dos suspeitos afastados de suas funções de frequentarem os locais que trabalhavam e de manter contato com outros servidores.

Durante a deflagração, foi realizada ainda a prisão de uma pessoa que se encontrava com mandado de prisão preventiva em aberto.

Parlamentar alvo da 1ª fase da operação

Tatiana Medeiros é fundadora do Instituto Vamos Juntos, localizado na Avenida Boa Esperança, na zona Norte de Teresina. O local já foi alvo de buscas da Polícia Federal durante a primeira fase da Operação Escudo Eleitoral.

Durante a ação, foi cumprido um mandado de busca e apreensão, resultando na apreensão de R$ 100 mil em espécie no instituto. 

Além disso, a parlamentar é namorada de Alandilson Cardoso Passos, um dos alvos da Operação Denarc 64. Segundo o delegado Samuel Silveira, Alandilson responde por crimes de tráfico de drogas, roubo qualificado, posse irregular de arma de fogo e seria ligado a uma facção criminosa que atua na capital.

No último final de semana, o PSB anunciou o afastamento de Tatiana Medeiros do cargo de secretária-geral do partido em Teresina. A sigla ressaltou ainda que abrirá um processo na comissão de ética devido às investigações policiais que envolvem a conduta da parlamentar na campanha eleitoral de 2024.

Em entrevista ao Jornal do Piauí nesta terça-feira (1°), a vereadora Tatiana Medeiros assegurou que não responde a nenhum tipo de processo criminal, cível ou eleitoral e considera as sanções partidárias parte de uma “perseguição” da qual é vítima. 

 

Fonte: Portal Cidade Verde e TV Cidade Verde