A prisão da vereadora Tatiana Medeiros (PSB) completa um mês neste 3 de maio, e as investigações da Polícia Federal tiveram que passar por novas diligências. Entre as novidades do caso está uma consulta da Câmara Municipal de Teresina ao TCE-PI (Tribunal de Contas do Estado) sobre a suspensão ou não do pagamento do salário da parlamentar que é de R$ 24 mil.
Inicialmente a Policia Federal concluiu inquérito e enviou ao Ministério Público Eleitoral. No entanto, o promotor do caso, João Batista de Castro Filho, da 98ª zona eleitoral de Teresina, fez questionamentos e pediu novas diligências.
Essa semana, o delegado Daniel Cunha, enviou as respostas e concluiu o inquérito indiciando a vereadora Tatiana Medeiros por seis crimes: organização criminosa, compra de votos, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, apropriação indébita e peculato-desvio ('rachadinha').
No pedido a PF, o promotor faz uma extensa lista de questionamentos e solicita que o delegado faça cerca de 100 oitivas e quebra de sigilo fiscal de pessoas alheias a investigação, além de cruzamentos e diligências documentais complexas. O delegado respondeu: “trata-se de um volume incompatível com o curto lapso temporal disponível, especialmente diante da custódia cautelar da principal investigada”, disse o delegado Daniel Alves. Ele argumenta que existem provas robustas como apreensões de documentos, ficha de eleitores, planilhas e comprovações de transações bancárias. O inquérito foi concluído e enviado novamente ao MPE.
Entre os documentos estão mensagens entre Stênio Ferreira, padrasto da vereadora e o namorado dela Alandilson Cardoso.
Veja o documento abaixo:
Consulta ao TCE/PI
A Procuradoria-geral da Câmara Municipal de Teresina realizou uma consulta pública ao TCE sobre o vencimento da vereadora. Como a parlamentar está presa e afastada de suas atividades parlamentares, a Câmara quer saber se faz o pagamento do salário quando o primeiro suplente – Leônidas Júnior – assumir o mandato.
Pelo regimento interno, a Câmara só pode dar posse ao suplente no prazo de 60 dias. O procurador Pedro Rycardo Couto disse que a consulta ao TCE é uma questão de “responsabilidade fiscal”.
O gabinete da parlamentar foi fechado e cerca de 15 funcionários foram exonerados.
Apoio psicológico
A defesa da vereadora solicitou apoio psicológico para a parlamentar. Segundo seus advogados, ela enfrenta crise de ansiedade. O advogado Edson Araújo confirmou ao Cidadeverde.com que a parlamentar está tendo acompanhando psicológico online.
“O impacto da sua prisão é muito grande e ela enfrenta crise de ansiedade e a justiça autorizou o apoio psiquiátrico e psicólogo com consultas online”, disse Edson Araújo.
Entenda o caso
Tatiana Medeiros foi presa em 3 de abril de 2025 e dois pedidos de soltura já foram negados.
De acordo com a investigação da PF, o padrasto de Tatiana Medeiros - Stênio Ferreira Santos - atuava como intermediador da parlamentar em pagamentos relacionados à compra de votos e à lavagem de dinheiro por intermédio do Instituto Vamos Juntos, fundado por Tatiana.
Durante busca e apreensão no Instituto Vamos Juntos, a PF encontrou documentos contendo listas de eleitores e um relatório intitulado "Relatório Votos Válidos", que consta registros de pagamentos realizados via pix a lideranças e eleitores. Também foram recuperadas informações destruídas de aparelhos eletrônicos da parlamentar. O juiz também determinou a suspensão das atividades da ONG da parlamentar.
Para a PF, a relação estreita entre Stênio Ferreira Santos, o namorado de Tatiana, Alandilson Cardoso Passos, que está preso em Minas Gerais, e Maria Odélia Medeiros, mãe da parlamentar, reforça a existência de um esquema financeiro para beneficiar a eleição de Tatiana.
Segundo a investigação, a compra de votos era no valor de R$ 100 e com transferência via pix.
Em áudio, o namorado informou que investiu R$ 1 milhão na campanha da Tatiana e sugeriu que a facção criminosa tinha uma representante na Câmara Municipal.
Fonte: Portal Cidade Verde