A mãe da vereadora Tatiana Medeiros, Maria Odélia de Aguiar Medeiros, admitiu ter levado o celular encontrado com a filha durante uma vistoria na sala do Quartel do Comando-Geral (QCG) da Polícia Militar do Piauí (PM-PI), onde a parlamentar está presa, suspeita de crimes eleitorais, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e envolvimento com facção criminosa.
Durante vistoria na cela de Tatiana foi encontrado um celular e um tablet na quarta-feira (21). Após o flagrante realizado, a Corregedoria da PM-PI abriu processo administrativo para investigar a presença dos aparelhos eletrônicos no local onde a vereadora estava custodiada. No termo de declaração assinado por Maria Odélia, que explica que o tablet está com a filha desde o dia da prisão, mas que o celular foi entregue por ela.
Ao justificar o ato, a mãe da vereadora afirmou que a filha vem enfrentando problemas relacionados à saúde mental e que o intuito de levar um celular para a sala do QCG era manter um canal de comunicação com a filha em caso de eventual emergência. Ela também descartou a participação de policiais e advogados na entrada dos dispositivos no local, o que chegou a ser cogitado, pois quando os aparelhos foram encontrados, Tatiana teria afirmado que eles foram entregues por seu advogado.
“A declarante levou um celular iPhone 16 Pro Max para o local onde sua filha, a vereadora Tatiana Medeiros, se encontrava presa, com o objetivo de que, em caso de urgência, ela pudesse entrar em contato para pedir socorro, pois, segundo consta, já haviam ocorrido seis crises naquele ambiente”, diz o documento.
A vereadora foi diagnosticada com quadro depressivo, rebaixamento de humor, perda de energia e apetite, insônia e ataques de pânico. Na última quarta-feira (21), a vereadora foi encontrada desacordada devido à ingestão de medicamentos, levada ao HUT e, posteriormente, ao Hospital da Polícia Militar (HPM). Ela recebeu alta nesta sexta-feira (23) e retornou à prisão no QCG.
Investigação da Polícia Federal
A vereadora e seu namorado, Alandilson Cardoso, preso em Minas Gerais, e seu padrasto, Stênio Santos, foram indiciados pela Polícia Federal (PF).
De acordo com a investigação, o padrasto de Tatiana Medeiros atuava como intermediador da parlamentar em pagamentos relacionados à compra de votos e à lavagem de dinheiro por intermédio do Instituto Vamos Juntos, fundado por Tatiana.
Durante busca e apreensão no Instituto Vamos Juntos, a PF encontrou documentos contendo listas de eleitores e um relatório intitulado “Relatório Votos Válidos”, no qual constam registros de pagamentos realizados via Pix a lideranças e eleitores. Também foram recuperadas informações destruídas de aparelhos eletrônicos da parlamentar. O juiz também determinou a suspensão das atividades da ONG da parlamentar.
Para a PF, a relação estreita entre Stênio Ferreira Santos, o namorado de Tatiana, Alandilson Cardoso Passos, e Maria Odélia Medeiros, mãe da parlamentar, reforça a existência de um esquema financeiro para beneficiar a eleição de Tatiana Medeiros.
Segundo a investigação, a compra de votos era no valor de R$ 100, com transferência via Pix.
Em áudio, o namorado informou que investiu R$ 1 milhão na campanha de Tatiana e sugeriu que a facção criminosa tinha uma representante na Câmara Municipal.
Fonte: Cidade Verde.