Dois homens foram presos nesta semana em uma operação que investiga crimes de grilagem de terras, desmatamento ilegal e organização criminosa no Sul do Piauí. As prisões aconteceram em Rondonópolis (MT) e Cascavel (PR), resultado de uma ação integrada das Polícias Civis do Piauí, Paraná e Mato Grosso, Polícia Militar do Mato Grosso e Superintendência de Operações Integradas (SOI) da SSP-PI.
Foram detidos R.M., empresário do agronegócio e proprietário da Fazenda Mundo Novo, e J.M.D., gerente da propriedade. A fazenda está localizada entre os municípios de Manoel Emídio e Alvorada do Gurguéia, em uma área de reserva legal e de vegetação de Mata Atlântica, no Sul do Piauí.
“Pela primeira vez, no Piauí, um empresário do agronegócio é preso por apropriar-se de terra pública para atividades criminosas. A operação também resultou na prisão do gerente da fazenda, responsável por executar diretamente os atos ilícitos”, afirmou o delegado Willame Moraes, responsável pela investigação.
As investigações começaram em 2024, após denúncia recebida pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) sobre práticas ilegais na região. Em uma ação inicial, dois tratoristas foram presos em flagrante enquanto desmatavam a área. Em depoimento, afirmaram ter sido contratados pelo gerente da fazenda e alegaram desconhecer que a terra era pública.
Perícias realizadas pela Semarh e por auditoria do Instituto de Terras do Piauí (Interpi) confirmaram que 1.432 hectares que estavam sendo desmatados ilegalmente pertencem ao Estado do Piauí, dos quais 333 hectares eram de Mata Atlântica, área de preservação permanente.
"Além da grilagem, há indícios de prática de crimes como ameaça, porte ilegal de armas e incêndio criminoso. O esquema envolve a falsificação de documentos, mediante corrupção de servidores públicos, para regularizar as terras e revendê-las com altos lucros. Mas essas terras pertencem ao estado”, disse o delegado.
Segundo a Polícia Civil, J.M.D. já havia sido preso em 2023 por porte ilegal de armas, em outra operação. Os presos foram encaminhados para prestar depoimento e permanecem à disposição do Tribunal de Justiça do Piauí. Eles devem responder por organização criminosa, invasão de terras públicas, desmatamento ilegal, destruição de floresta protegida e crimes contra o meio ambiente.
Fonte: Portal Cidade Verde e SSP/PI